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Painéis solares triplicam a população de abelhas

A energia solar tem um papel importante para recuperar a população de abelhas e insetos polinizadores, de acordo com um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa do governo dos Estados Unidos, ANL (Argonne National Laboratory).

A pesquisa foi realizada em duas instalações solares no estado de Minnesota onde foi constatado que a combinação de painéis solares e agricultura, conhecidos como agrovoltaica, trazem benefícios para o meio ambiente, geração de energia e produção agrícola.

Devido aos espaços com sombras e livres de agrotóxicos, os dados apontam que a instalação de painéis cria habitats favoráveis para abelhas, borboletas e outros insetos que são responsáveis por 80% da polinização dos alimentos em todo o mundo.

As áreas analisadas tiveram um aumento de três vezes na população de insetos, principalmente abelhas, além de maior biodiversidade de plantas, se mostrando também eficazes para o controle natural de pragas, já que os insetos ajudam a manter o equilíbrio natural e diminuem a necessidade do uso de produtos químicos nas lavouras.

De acordo com Lee Walston, ecologista e principal autor do estudo, “se localizada corretamente, a energia solar favorável ao habitat pode proteger os polinizadores e melhorar os serviços de polinização em áreas agrícolas”.

O estudo afirma ainda que, em cinco anos, é possível triplicar o número de insetos em todo o mundo.
Recuperação de abelhas no Brasil

A EDP, empresa portuguesa do setor energético, está reproduzindo abelhas nativas em uma de suas usinas solares em Roseira (SP), interior do estado. A usina abastece cerca de 160 famílias, com capacidade instalada de 75 kW, na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP).

O projeto BeeVolt foi lançado em 3 de outubro deste ano em comemoração ao Dia Nacional de Preservação das Abelhas. Realizado em parceria com a Bee2Be, tem o objetivo de unir a geração de energia e agricultura para proteger a biodiversidade da região, já que as abelhas nativas são ameaçadas de extinção.

Dominic Schmal, diretor de ESG da EDP na América do Sul, afirma que a empresa está focada em liderar uma transição energética justa, para isso, além de investir em energia renovável, é preciso envolver e beneficiar as comunidades e contribuir para preservar a biodiversidade das regiões onde os projetos estão instalados.

“Utilizar uma usina solar, cuja energia renovável já é direcionada para a comunidade da Favela dos Sonhos, para produzir e preservar uma espécie nativa de abelha, fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas, é um exemplo prático e real de transição energética justa”, explica Schmal.

Criação das abelhas

A criação das abelhas nativas se dá por meio da instalação de um meliponário que abriga as abelhas. Já são 20 enxames que devem se expandir nos próximos meses, chegando ao total de 100 enxames.

Vitor Costa, fundador da Bee2B, afirma que as abelhas são essenciais para a restauração ambiental. “Em tempos de mudanças climáticas e emergências ambientais, seu papel se torna ainda mais crítico. Esses polinizadores garantem a regeneração de plantas nativas e ajudam a restabelecer o equilíbrio dos ecossistemas”.

Além disso, o projeto leva conscientização, educação ambiental e geração de renda. Estão previstas parcerias com uma instituição social regional, como doação de meliponários e capacitação da comunidade, a partir daí, é possível gerar renda com a produção de produtos como mel.

“Ao instalar meliponários nas usinas solares, cria-se um impacto positivo no entorno, promovendo a biodiversidade local. Além disso, o projeto gera benefícios sociais ao envolver e capacitar comunidades locais, criando oportunidades de renda e maior conscientização ambiental”, explica Costa.

A ação é totalmente segura, já que as abelhas nativas da espécie Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides) não têm ferrão. Elas medem aproximadamente 1 cm, e são pretas com quatro listras amarelas transversais e interrompidas no centro do abdômen. Essa espécie poliniza espécies da flora como Pau-jacaré, Capixingui, Cereja-do-mato e Candeia da Serra, entre outras. Produzem um mel bastante aromático, com sabor agridoce e toques frutais.

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