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Apenas 13% dos consumidores rurais têm energia solar no Brasil

O agronegócio no Brasil é um dos segmentos econômicos de maior capacidade de gerar riquezas e de reduzir as disparidades sociais. Hoje, a cadeia produtiva é responsável por mais da metade das exportações e por mais de um quarto do PIB (Produto Interno Bruto).

O setor é, no entanto, aquele em que se encontram grande parte dos consumidores em final de linha de transmissão, ou seja, que ainda necessitam da chegada de uma energia de melhor qualidade.

O problema pode ser resolvido com a instalação de mais sistemas de energia solar. Contudo, segundo dados do INEL (Instituto Nacional de Energia Limpa), apenas 13% da fonte fotovoltaica gerada no país encontra-se hoje direcionada ao agronegócio e à agricultura familiar.

Em webinário realizado pelo Canal Solar, nesta terça-feira (27), Tarcisio Augusto Dario, diretor regional do INEL, explicou que a pouca participação da solar no campo tem relação com a preocupação que boa parte dos integradores têm de vender equipamentos, sem antes analisar às necessidades dos produtores rurais.

“Temos inúmeras soluções, mas o problema é que não estamos conseguindo fazê-las chegarem na ponta. Essa é uma reflexão que eu gostaria de trazer nesse webinário, porque nós conhecemos as soluções que podem resolver essas questões do agronegócio e agricultura familiar, mas isso não está chegando lá na ponta”, disse ele.
Falta de energia: um problema no agronegócio

Durante o webinário, Augusto Dario apresentou um estudo divulgado pela Agroinsight, que mostra que entre os nove principais gargalos do agronegócio no Brasil, quatro estão diretamente relacionados à energia. De acordo com ele, os principais gargalos são:

-Conectividade e falta de comunicação de dados nas propriedades, já que muitos consumidores alegam dificuldade de manter tal conectividade por conta da falta de energia, que é muito intermitente na área rural no país.
-O custo de produção e pacotes tecnológicos defasados, já que o valor investido na produção dos insumos está diretamente relacionado ao custo de energia que um consumidor rural têm para produzir.
-Falta de competitividade internacional, causada pelo custo de produção mais alto em razão, sobretudo, do valor da tarifa de energia.
-Falta de energia de qualidade, já que o sistema elétrico brasileiro é defasado na maioria das regiões rurais do país, em razão da falta de investimentos.

Oportunidade para integradores

De acordo com o executivo, faltam iniciativas que levem a energia solar para o campo e que possibilitem criar mais oportunidades de negócios para as próprias empresas do setor.

“Temos que repensar o modo de agregar valor quando comercializamos um projeto de geração de energia. Temos que parar de vender painéis, módulos, estrutura e cabos. Temos que começar a agregar valor na vida destes consumidores”, enfatiza Augusto Dario.

Como exemplo, ele cita o fato de poucas empresas oferecerem um pacote de serviços que também incluam outras tecnologias.

“Muitos produtores rurais não colocam painéis solares, porque dizem que é muito propenso a roubo e que vai chamar atenção de outras pessoas. Então, junto com sistema de energia fotovoltaica, podemos oferecer uma segurança eletrônica, um controle perimetral e até câmeras inteligentes. Isso não onera em praticamente nada o projeto e gera valores muito grandes para o negócio”, destaca ele.

Outro ponto de atuação recomendado por Augusto Dario é que os integradores criem alianças estratégicas com entidades do setor do agronegócio (locais, regionais ou nacionais), como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), para que se tenha desenvolvimento de ações que levem informação ao produtor rural.

“São pessoas muito simples e que precisam dessa orientação, pois muitas não sabem nem mesmo por onde começar. Infelizmente, existem muitos mitos acerca dos sistemas fotovoltaicos no país e muitos deixam de instalar por receio ou por inverdades que ouvem”, pontuou.

Segundo Tarcísio, o investimento em ações que valorizem os consumidores rurais é importante não só por uma questão social, como também para a valorização da própria empresa. “Com a grande competição que temos no mercado, com cada vez mais empresas, aquelas que oferecem serviços diferenciados serão as que vão se destacar e permanecer atuando”, conclui.

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Microgeração representa mais de 99,2% dos sistemas de GD solar no Brasil

O Brasil conta hoje com 1,25 milhão de sistemas de energia solar em operação no segmento de GD (geração distribuída), dos quais mais de 99,2% (1,24 milhão) são provenientes de projetos de microgeração, segundo dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Tratam-se de sistemas que beneficiam diretamente as classes de consumo com menor geração, ou seja, as que possuem potência de até 75 kW.

Dos 5.57 mil municípios brasileiros, mais de 5,3 mil já possuem sistemas fotovoltaicos de microgeração, o que demonstra o crescimento e a pulverização que os projetos de menor porte vem ganhando no Brasil ao longo dos últimos anos.

A maior parte destes sistemas encontram-se instalados em residências (991,1 mil), seguido pelos estabelecimentos comerciais (140,2 mil) e rurais (94,8 mil). O restante vem da indústria e dos setores do poder público, totalizando pouco mais de 22,4 mil unidades.
Microgeração por região

Ainda de acordo com os números da ANEEL, a microgeração de energia solar encontra-se hoje presente em todos os estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, com destaque para as regiões Sudeste (478,6 mil sistemas), Sul (269,3) e Nordeste (236,9 mil).

As três unidades federativas somam juntas cerca de 80% do total de sistemas de microgeração. Na sequência, aparecem as regiões Centro-Oeste e Norte, com 169,9 mil e 74,1 mil unidades, respectivamente.

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Polícia prende donos de empresa por receptação de painéis FV

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) prendeu um grupo de criminosos interestaduais que havia desviado uma carga de painéis fotovoltaicos no valor de R$ 600 mil. Os homens eram donos de uma empresa do setor de energia solar e filhos do vice-prefeito da cidade de Juru (PB).

A operação – intitulada “Solares” – iniciou as investigações no começo de agosto, após a corporação ter sido notificada, por meio de boletins de ocorrência, a respeito de roubos e desvio de cargas que estavam acontecendo em algumas cidades do Ceará e de outros estados.

Com base nos levantamentos policiais, a corporação constatou que todos os crimes citados pelas vítimas tinham o mesmo “modus operandi”. Contudo, os policiais identificaram que os registros sobre os crimes, na verdade, faziam parte de um esquema criminoso para tentar dificultar as investigações.

Ao todo, três prisões em flagrante foram decretadas entre os meses de agosto e começo de setembro. A Polícia Civil do Ceará ainda realizou outros 14 mandados de busca e apreensão domiciliar, um mandado de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária.
Como se deu a operação?

No dia 27 de julho, uma carga de painéis solares avaliada em R$ 600 mil saiu do Ceará com destino a Belém (PA). No meio do trajeto, os equipamentos foram desviados e o boletim de ocorrência só foi feito pelo motorista do caminhão que transportava as placas três dias após o ocorrido.

A partir destas informações, os policiais civis conseguiram apontar a participação de um homem, que seria o responsável por intermediar o contato entre receptadores e os motoristas responsáveis por desviarem as cargas.

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Energia solar será a fonte com maior destaque no Leilão A-5

O MME (Ministério de Minas e Energia) publicou no DOU (Diário Oficial da União) as portarias que definem os montantes de garantia física de energia de empreendimentos para participação no Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração, o Leilão A-5, a ser realizado em 16 de setembro.

No documento publicado, foram definidos os montantes de garantias físicas referentes a 1.982 empreendimentos fotovoltaicos, eólicos, termelétricos e hidrelétricos, que representam em conjunto um total de 27.963,71 MW médios de energia.

Deste total, o grande destaque fica por conta da solar, com 1.331 usinas contempladas e um 16.731,00 MW médios definidos para comercialização.
Confira os volumes ofertados:

-16.731 MW médios definidos para 1.331 usinas solares;
– 9.518,1 MW médios definidos para 549 usinas eólicas;
-520,30 MW médios definidos para 2 usinas termelétricas despachadas centralizadamente à biomassa e carvão mineral nacional.
-514,54 MW médios definidos para 63 Pequenas Centrais Hidrelétricas;
-495,90 MW médios definidos para 21 usinas termelétricas não despachadas centralizadamente à biomassa;
-162,60 MW médios definidos para 7 usinas hidrelétricas;
-21,27 MW médios definidos para 9 Centrais Geradoras Hidrelétricas.

O Leilão A-5

De acordo com o MME, no Leilão A-5 serão negociados contratos de comercialização de energia no Ambiente Regulado, com início de suprimento de energia elétrica para 1º de janeiro de 2027. O prazo de vigência dos contratos negociados depende da modalidade (quantidade ou disponibilidade) e do tipo de empreendimento, conforme destacado abaixo:

-20 anos para empreendimentos hidrelétricos;
-20 anos para empreendimentos termelétricos a biomassa, carvão mineral nacional e biogás;
-20 anos para empreendimentos de recuperação energética de resíduos sólidos urbanos, de que trata a Portaria Interministerial nº 274, de 30 de abril de 2019, dos Ministérios do Meio Ambiente, de Minas e Energia e do Desenvolvimento Regional;
-15 anos para empreendimentos de geração a partir da fonte solar fotovoltaica e eólica.

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Ampliação das renováveis eleva competitividade do país

O Brasil é protagonista na área de energia e tem o potencial de ampliar a participação de fontes renováveis em sua matriz para ser ainda mais competitivo e alinhado aos critérios ESG e, com isso, contribuir para que as empresas se tornem mais competitivas.

A avaliação foi feita por Nelson Al Assal Filho, diretor de normalização da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), durante 8º Fórum de Infraestrutura Grandes Construções, que tratou do tema “Oportunidades e Desafios do Setor de Energia no Brasil”, no dia 25 de agosto.

Fabiane Ferrão, gestora da Unidade de Negócios Renováveis da TRACTEBEL Engie, também comentou sobre o assunto e destacou que as renováveis permitiram que o setor industrial reduzisse seus custos com energia.

“Em alguns casos, fizeram também com que o segmento se tornasse independente produzindo sua própria eletricidade, com a possibilidade de vender os excedentes dessa produção, ganhando uma renda adicional e obtendo um impacto ambiental positivo”, relatou.

Contudo, para Felipe Gonçalves, superintendente de Pesquisa da FGV Energia, no curto prazo, o setor elétrico ainda precisará dos recursos fósseis, mesmo expandido o uso das renováveis. O sistema hidrotérmico – fonte hídrica complementada com termelétricas a gás natural – ainda será majoritário.

Já Manoel Ribeiro, superintendente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Álya Construtora, a fonte hidrelétrica é a bateria e a base do sistema. Por isso, outras usinas hidrelétricas serão feitas na região da Amazônia, que ainda possui muito potencial a ser explorado.

“Não se pode abrir mão de outras hidrelétricas, porque estaria aumentando o despacho da energia térmica, acarretando em preços e custos mais altos, não atendimento aos compromissos da COP e aceleração das emissões de dióxido de carbono”, explicou.

Do seu ponto de vista, a diversificação da matriz contribui para ampliar a capacidade do país, para o atendimento à população, para a competitividade da indústria e para um preço adequado da energia.

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Solar é a fonte com o maior número de incentivos no 1º semestre

O MME (Ministério de Minas e Energia) aprovou, no primeiro semestre deste ano, 153 projetos de geração como prioritários para fins de emissão de debêntures incentivadas e o enquadramento de outros 221 projetos de energia elétrica no REIDI (Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura).

Em ambas as categorias de incentivo, a fonte solar fotovoltaica foi a que teve o maior número de projetos aprovados: 79 de emissão de debêntures incentivadas e 144 no REIDI, o que representa 51,6% e 65,1% do total, respectivamente. As informações foram reveladas com exclusividade ao Canal Solar.

Outras fontes de energia também receberam aprovações nos dois modelos de incentivo, com destaques para as usinas de geração de energia eólica (48) e térmica (22).

Bernardo Marangon, diretor da Exata Energia e engenheiro com experiência em projetos de energia, avalia que os números demonstram que a solar será a fonte do futuro do país, sobretudo com o crescimento dos sistemas com armazenamento.

“Realmente, vai ser a fonte de maior destaque no futuro, porque existe uma facilidade muito grande para desenvolver e construir projetos deste tipo, em razão da grande quantidade de áreas disponíveis que o país possui”, explica.

Segundo ele, com a popularização dos sistemas com armazenamento vai tornar a exploração da solar algo bastante otimizado. “Sem armazenamento, a solar ainda não consegue sozinha resolver o problema da energia do mundo”, disse ele.

“Sinceramente, eu não vejo nenhuma outra tecnologia conseguindo chegar nesse tamanho. A eólica, por exemplo, tem uma limitação em relação à dificuldade de se desenvolver projetos e encontrar locais mais adequados para sua implantação, enquanto que a solar pode ser centralizada ou distribuída. Então, esses números vão continuar assim, com a solar estando à frente das demais”, ressalta o executivo.

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Feitosa e Mosna assumem comando da ANEEL com agenda desafiadora

Tomaram posse nesta segunda-feira (15) dois integrantes do novo Colegiado da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica): o diretor-geral, Sandoval Araújo Feitosa Neto e o diretor Fernando Mosna.

Durante a cerimônia de posse, realizada no auditório do Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília (DF), Feitosa enfatizou a importância do diálogo no setor e a satisfação do consumidor.

Entre as prioridades defendidas por Mosna está a obtenção de um patamar adequado de modicidade tarifária. Segundo ele, é preciso garantir uma regulação equilibrada, com aprimoramento das normas regulatórias em relação ao mercado livre e modernização do setor.

Os dois novos diretores chegam para auxiliar em diversos processos importantes e complexos, como aprimorar o acesso à transmissão no cenário de expansão de geradores renováveis, aperfeiçoar a regulamentação da apuração das perdas técnicas regulatórias e elaborar a valoração da GD (geração distribuída), que deverá ser estabelecida pela ANEEL com base nos custos e benefícios do segmento, respeitando as diretrizes do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).

Quem são os novos diretores?

Ex-diretor da ANEEL e servidor de carreira, Feitosa iniciou no setor como Eletricista formado pelo SENAI-PI e Técnico Eletrotécnico formado pela Escola Técnica Federal do Piauí. Trabalhou na coordenação de equipes técnicas de manutenção da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e como gerente técnico da Cemar (Companhia Energética do Maranhão).

Também foi superintendente de Regulação dos Serviços de Transmissão, superintendente de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade e assessor da Diretoria. Representando a Agência, Sandoval foi diretor da ABAR (Associação Brasileira de Agências de Regulação), de 2018 a 2020.

Mosna ingressa no Colegiado na vaga decorrente do término do mandato de Efrain Cruz. Procurador Federal da AGU (Advocacia-Geral da União) desde 2012, Mosna atuou nos últimos três anos como assessor no Senado Federal e foi advogado na Petrobras de 2010 a 2012, além de ter sido advogado na CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro).

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Por que precisamos ter atenção aos “órfãos do solar”?

Quem trabalha no mercado de energia solar fotovoltaica certamente já ouviu algum caso de cliente que ficou sem atendimento porque a empresa revendedora fechou ou conhece casos de fabricantes e distribuidores que saíram do mercado.

O cliente não quer comprar de uma empresa que pode não existir no futuro. O mercado vem chamando esse fenômeno de “órfãos do solar”. É preocupante que o mercado perca clientes e, principalmente, que as pessoas percam a confiança no mercado fotovoltaico como um todo.

A origem do nome está nos clientes finais, consumidores, que ficam sem suporte, mas o movimento atinge toda a cadeia, com revendedores, distribuidores, fabricantes. Uma empresa instaladora também pode ficar órfã de uma fabricante ou distribuidora. Esse fenômeno das empresas saírem do mercado ao longo do tempo tem vários motivos.

Entre os principais estão o crescimento da concorrência, a guerra de preços, o sacrifício das margens de lucro, o aumento do passivo das empresas e a dificuldade de gestão dos recursos.

Os “órfãos do solar” já são mais frequentes em mercados mais maduros. Para se ter uma ideia, entre 2000 e 2016, 8,7 mil empresas instalaram sistemas fotovoltaicos nos Estados Unidos. Mas em 2016, apenas 2,9 mil dessas empresas ainda estavam ativas. Ou seja, em 16 anos, o mercado perdeu dois terços das empresas do setor. Na Austrália, pelo menos 30% dos sistemas estão órfãos. Em alguns casos, a instalação foi tão malfeita que o cliente não consegue outra empresa para cuidar.

Quando uma empresa vende um sistema sem considerar na margem tudo que é necessário, e em alguns casos até pelo valor de seu custo, aumenta demais o risco. A falta de experiência com negócios, e em especial com as finanças, pode levar a uma precificação errada.

Outros fatores de quebra do negócio são o mau atendimento ao cliente, uso de equipamentos de baixa qualidade, ações legais, escolha de fornecedores (distribuidores e fabricantes) baseada apenas no preço e despreparo para estar no mercado.

O problema também pode estar na instalação. Muitos instaladores ainda não estão treinados e capacitados para atuar na área. Quando a empresa vende uma manutenção para o cliente, mas não está preparada para executá-la, acaba aumentando seu passivo, com altos custos de pós-vendas.

Por isso, investimos pesado no treinamento de profissionais, para tornar o mercado como um todo mais saudável. Precisamos ter essa preocupação com treinamento e capacitação se quisermos um mercado com crescimento sustentável.

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