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Cresce o uso da energia solar nos estados do Acre e Rondônia

O CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) autorizou na semana passada o acionamento das termelétricas Termonorte 1 e 2, que juntas somam pouco mais de 410 MW de potência, para reforçar o suprimento de energia elétrica nos estados do Acre e Rondônia.

A decisão foi necessária por causa do desligamento da hidrelétrica de Santo Antônio (3.150 MW), cuja operação precisou ser interrompida devido à seca que reduziu pela metade a vazão do Rio Madeira (RO) neste ano.

Essas termelétricas têm um custo de operação muito superior ao das hidrelétricas e das renováveis, além de utilizar o óleo diesel como combustível, extremamente poluente por emitir gases causadores do efeito estufa.

A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) trabalha para regularizar a operação das duas usinas, que estão em outorgas, descontratadas e não possuem contrato de conexão com a rede de transmissão, segundo entrevista do diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, ao Valor Econômico. Ainda não há previsão de quando as usinas entrarão em operação.

Por outro lado, a energia solar está em expansão nos dois estados do Norte do país, com cada vez mais consumidores procurando gerar a própria energia limpa e renovável.

Levantamento feito pelo Canal Solar, com base em dados da ANEEL, aponta que o número de sistemas fotovoltaicos em operação no Acre e em Rondônia cresceu, respectivamente, 27,34% e 28,15% na comparação de 2022 com o ano anterior.

Rondônia é 22º estado em potência instalada de energia solar no ranking da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar), com 247,3 MW de capacidade. No total, são 19.186 sistemas, sendo que todos os 52 municípios rondonienses têm ao menos uma unidade gerando a própria energia. De janeiro a outubro, 4.311 sistemas foram adicionados, somando 58,3 MW.

Já o Acre ocupa a 25ª posição no ranking, com 63 MW e 5.029 sistemas espalhados em 21 dos 22 municípios do estado. Em 2023, foram 1.114 sistemas adicionados ou 17,5 MW.

A produção própria de energia vem crescendo em todo o Norte país, região onde as revisões tarifárias das concessionárias de energia têm elevado consideravelmente a conta de luz da população.

No Norte, há 131.402 sistemas de energia solar, somando 1.564 MW. Em 2022, foram instalados 44.436 unidades de geração distribuída, crescimento de 63% em relação a 2021. Até o início de outubro, foram instalados 38.892 sistemas na região, somando 476,9 MW, potência superior ao das duas termelétricas a óleo diesel.

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Transição energética exigirá mais de US$18 tri em investimentos até 2030, diz BCG 

Novo estudo realizado pelo BCG (Boston Consulting Group) mostra que a indústria precisará investir mais de US$ 18 trilhões em infraestrutura industrial e fontes de energia renovável, como eólica e solar, para que as metas para a redução de carbono sejam alcançadas.

De acordo com dados do BCG, as políticas atuais indicam que o aumento da temperatura pode atingir até +2,7°C até 2100. Para limitar o aquecimento global a apenas 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, é necessário acelerar a adoção de energias renováveis e outras soluções de baixo carbono.

“Mais de 775 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso à eletricidade e, ao mesmo tempo, as sociedades precisam de mais de 20 MWh de energia per capita para alcançar altos índices de prosperidade, que é calculado a partir da riqueza, crescimento econômico, bem-estar e qualidade de vida em um país. Para chegar nesses pontos, precisamos acelerar, o quanto antes, a substituição e a redução do uso dos combustíveis fósseis”, alertou André Pinto, diretor executivo e sócio sênior do BCG.

Além disso, a pesquisa também revelou que dos US$ 37 trilhões necessários para impulsionar a transição energética, empresas e governos se comprometeram a investir US$ 19 trilhões nos próximos sete anos, mas muito deste valor deverá ser direcionado ao desenvolvimento geral do mercado, além de não ser garantido.

A pesquisa também destacou, que até 2030, tecnologias comprovadas, como a eficiência energética; a eletrificação das necessidades finais (como veículos elétricos); a energia solar fotovoltaica e a energia eólica servirão como os principais fundamentos da transição.

“A maioria das ferramentas necessárias já está disponível, agora precisamos de políticas, compartilhamento de casos de sucesso e capacidade para que a transformação ocorra de fato”, disse o executivo.

“Os desafios da transição energética não devem ser subestimados, bem como as oportunidades que ela representa: no longo prazo, um sistema de energia com baixo impacto ambiental pode ser a resposta para problemas de hoje como sustentabilidade, acessibilidade e segurança energética”, finalizou.

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Consolidação: setor solar segue o caminho feito por mercados maduros

Com a alta demanda dos consumidores brasileiros por sistemas de energia solar verificada nos últimos anos, o setor fotovoltaico deve assumir patamares de crescimento mais estáveis nos próximos 12 meses, com maior procura por tecnologias sinérgicas de eletromobilidade, como carregadores de veículos elétricos, e baterias para armazenamento de energia combinado com painéis solares.

A análise é de Marcelo Abuhamad, CEO do Bonö Group, holding que reúne várias empresas da cadeia de valor de setor de energia no Brasil. Segundo o executivo, embora o setor tenha registrado crescimento de conexões este ano, resultado das vendas de 2022, o ritmo tem ocorrido de forma mais gradual em comparação com os períodos anteriores.

“Nos próximos anos, o setor de energia continuará crescendo e deve ser impulsionado também pela maior inserção da fonte solar na cadeia da matriz energética, pela facilidade e pela agilidade de implementação da tecnologia”, comenta.

“Ainda há muito espaço para as usinas crescerem no país, bem como há muito espaço para inovações no setor, mas esse crescimento ocorrerá de forma mais natural. A tendência é que haverá mais usinas, tanto centralizadas quanto distribuídas, cujos custos para implantação estão cada vez menores, melhorando o payback e o retorno financeiro projetado para as novas usinas. O horizonte de crescimento é enorme, pois há no país quase 100 milhões de unidades consumidoras e apenas 3 milhões abastecidas por sistemas fotovoltaicos”, acrescenta Abuhamad.

Para 2024, o executivo acredita que haverá mais atratividade e viabilidade para a eletromobilidade. “O mercado de energia renovável é de interesse internacional, por isso o apelo para tantas facilidades sendo destinados ao setor. E a expectativa é ampliar o uso da energia fotovoltaica não só para abastecer estabelecimentos e domicílios, mas também para pontos de recarga de veículos elétricos”, destaca.

Segundo dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), as vendas de veículos elétricos no país tiveram o melhor desempenho da história neste primeiro semestre. Foram mais de 32,2 mil emplacamentos de janeiro a junho de 2023, 20% do total de VLEs do Brasil. A frota total chegou a 158.678 VLEs até o final do primeiro semestre, atingindo um crescimento de 58% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Tal crescimento é acompanhado pela maior presença de pontos de recarga. Segundo a ABVE, o total dos eletropostos no país foi de aproximadamente 3.200 unidades de carregamento público, até o final do primeiro semestre de 2023. E a perspectiva do setor é chegar em mais de 10 mil unidades até 2025, públicos e semipúblicos.

Abuhamad afirma ainda que esse mercado, já consolidado na Europa, está sendo cada vez mais incentivado e absorvido pelo resto do mundo. “O Brasil tem poder de capital de compra e acesso a crédito para manter o desenvolvimento de forma crescente. A tendência dos próximos anos é primeiro acentuar a mobilidade, a infraestrutura de carregamento veicular, e logo na sequência, o crescimento o uso de sistemas de armazenamento em banco de baterias”, afirma.

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Brasil registra recorde de expansão da energia solar em 2023

Mais de 88% da capacidade instalada na matriz elétrica brasileira neste ano têm origem nas fontes solar e eólica. De acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), de janeiro até agora, a expansão da capacidade instalada da matriz elétrica foi de 7 GW, sendo que 6,2 GW foram solar (3 GW) e eólica (3,2 GW).

Este é o maior incremento da capacidade de geração solar centralizada da história no Brasil. Em 2022, por exemplo, o acréscimo no ano todo foi de 2,5 GW, inferior aos 3 GW registrados até o momento.
Energias renováveis

Ainda de acordo com a Agência, já são 18 mil painéis solares instalados em território nacional, capazes de produzir uma potência de 10,3 GW.

Importante frisar que este montante não considera a micro e minigeração distribuída – sistemas instalados nas residências, comércios, fábricas ou pequenas plantas conectadas diretamente na rede das concessionárias de distribuição.

Referente às outras fontes de energia renováveis, o SIN (Sistema Interligado Nacional) registra a presença de 954 turbinas eólicas, que representam 10,3 GW em valores nominais.

O potencial hidráulico do país também é amplamente conhecido. As 1.351 usinas hidrelétricas atualmente representam 56,17% da capacidade, com uma potência de 109,8 GW. Além disso, a biomassa é uma das fontes utilizadas pelo Brasil e responde por 16,7 GW, em 634 plantas.
Investimentos para energias renováveis

Conforme informado pelo Canal Solar, o setor de geração de energia deve ser impulsionado pelo novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Ao todo, serão R$ 73,1 bilhões de investimentos em projetos de geração de energia, sendo R$ 64,8 bilhões destinados às fontes renováveis de energia.

As usinas de energia fotovoltaica responderão por 8,5 GW, mais da metade da geração de energia prevista pelo novo PAC. O valor de investimento previsto para essa modalidade é de R$ 41,5 bilhões.

A geração de energia eólica receberá R$ 22 bilhões, com 120 projetos. Os ventos serão responsáveis por acrescentar 5,2 GW ao sistema elétrico. Estão confirmadas novas 20 pequenas centrais hidrelétricas a um custo de R$ 1,3 bilhão.

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Projetos de energia solar zero grid precisam ser homologados?

Uma dúvida recorrente no mercado fotovoltaico é se os projetos de energia solar zero grid precisam ser homologados. Para responder esta pergunta, o Canal Solar conversou com Pedro Dante, sócio da área de energia e infraestrutura do Lefosse Advogados.

De acordo com ele, por se tratar de um tema novo, não existe um padrão sobre a necessidade ou não de homologação específica do sistema zero grid.

“Existem poucas distribuidoras que têm atualizado seus normativos para incluir disposições específicas sobre o tema, devendo cada interessado acompanhar a evolução dos normativos para acompanhar a evolução do tema”, explicou.
Sistemas zero grid não se enquadram como micro ou mini GD

No que se refere aos projetos de energia solar zero grid, cabe esclarecer, inicialmente, que trata-se de geração de energia sem que haja a respectiva injeção na rede local da distribuidora. Isto é, é um sistema que não é conectado à rede da distribuidora.

Em que pese a Lei nº 14.300/2022 e a Resolução Normativa nº 1.000/2021 não tratarem sobre os sistemas zero grid, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) emitiu o Ofício n° 149/2022 – SRD/ANEEL, de 8 de junho de 2022, o qual considera e ratifica que os sistemas zero grid não injetam energia na rede.

Sendo assim, não participam do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, e, consequentemente, não se enquadram como micro ou minigeração distribuída, nos termos da Lei n° 14.300/2022.

“Ainda, caso a potência instalada seja até 5 MW, o sistema será caracterizado como uma central geradora de capacidade reduzida, ou seja, não é necessária a outorga do poder concedente para ser implantada (nos termos das Resoluções Normativas 875 e 876/2021)”, relatou Dante.

Segundo o advogado, a existência de tais usinas menores do que 5 MW (desde que não destinadas à geração distribuída), ainda que não conectadas ao sistema da distribuidora, deve ser comunicada à ANEEL para fins de registro (registro simplificado), consoante disposto na Lei n° 9.074/1995.

“Posto isso, tendo em vista que os sistemas de geração de energia solar do tipo zero grid não são caracterizados como geração distribuída nos termos da Lei nº 14.300/2022, deve haver a comunicação posterior à ANEEL sobre a implantação do sistema”, apontou.
Como é essa comunicação?

O especialista salientou o disposto no Ofício n° 149/2022, em que, para proceder com a conexão do sistema zero grid nas instalações da unidade consumidora, o interessado deve entrar em contato com a distribuidora local, a fim de que, diante da análise da distribuidora, seja garantido que não haverá a injeção de energia na rede e que não serão provocados quaisquer distúrbios ou danos ao sistema elétrico ou às pessoas.

Caso haja a injeção de energia à revelia, a qual resulte em problemas técnicos e de segurança para a rede, ou, até mesmo, a outros consumidores, a distribuidora poderá exigir:

Reembolso das indenizações relacionadas aos dados;
Instalação de equipamentos corretivos;
Pagamento das obras necessárias para correção do(s) distúrbio(s) ocorrido(s), e, até mesmo, suspender o fornecimento de energia, consoante disposições dos artigos 44 e 355 da Resolução Normativa ANEEL n° 1.000/2021.

Há um formulário ou procedimento bem definido?

No que se refere a comunicação à ANEEL para fins de registro, que ocorre após a instalação do sistema zero grid, ela é realizada no sistema do poder concedente, mediante o preenchimento do formulário online disponível no site da Agência Reguladora.
Requisitos técnicos do zero grid que a concessionária observa

Com relação aos requisitos que são observados pela concessionária de distribuição de energia elétrica, o sócio da área de energia e infraestrutura do Lefosse Advogados destacou a adequação do projeto às normas e padrões técnicos construtivos, orientações e requisitos específicos da distribuidora local, isto é, aos procedimentos e proteções aplicáveis aos empreendimentos.

Assim, dentre os requisitos que devem ser observados, está a instalação e construção de diversos equipamentos e instalações, desde que exigidos nas normas técnicas da distribuidora, dispostos no art. 30 da REN nº 1.000/2021, como:

Padrão de entrada de energia, de modo que seja possível a realização da leitura a partir da via pública ou a partir de acesso livre e irrestrito para a distribuidora, conforme padrão técnico da distribuidora;
Caixas, quadros, painéis ou cubículos destinados à instalação de medidores, transformadores de medição e outros aparelhos da distribuidora, necessários à medição e à proteção dessas instalações;
Compartimento destinado à instalação de equipamentos de transformação e proteção;
Equipamentos de proteção e sistemas de aterramento, observando os requisitos de cada tipo de padrão de entrada especificados nas normas técnicas da distribuidora.

“Também devem ser consideradas as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e as normas dos órgãos oficiais competentes, no que for aplicável e não contrariar à regulação da Agência Reguladora, segundo elencado no art. 29 da REN n° 1.000/2021”, acrescentou.
No caso de zero grid com baterias, há algum impedimento?

De acordo com Pedro Dante, a respeito do sistema de armazenamento de energia, caso se trate de uma usina solar com baterias de reserva pelo qual a energia elétrica armazenada na bateria é proveniente da fonte fotovoltaica ou de outras fontes, ressalta-se que as normas regulatórias/legislativas não dispõem sobre quaisquer impedimentos a esta modalidade. “Ou seja, não há diferenças no tratamento regulatório caso o sistema zero grid contenha baterias na nossa visão”.
Inversores zero grid estão definidos na Portaria 140 do Inmetro?

A resposta é sim. O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) publicou, no dia 30 de março de 2022, no DOU (Diário Oficial da União), a Portaria 140/2022 – o regulamento para equipamentos fotovoltaicos comercializados no Brasil.

Entre as principais novidades, estão, justamente, os inversores on-grid com baterias (híbridos), “e a maioria dos híbridos no mercado nacional possui a função zero export acoplada. Portanto, os inversores zero grid estão sim definidos na Portaria 140”, afirmou o engenheiro Geraldo Silveira, especialista em sistemas fotovoltaicos.

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Resoluções do governo elevam a carga de impostos em equipamentos de energia solar, qual o impacto?

Nas últimas semanas, o Gecex (Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) publicou três novas resoluções acerca do regime de ex-tarifário: a Resolução 500/2023, a 512/2023 e a 514/2023.

As resoluções publicadas nas últimas semanas revogaram as isenções de imposto de importação para mais de 200 equipamentos fotovoltaicos, entre eles inversores e painéis solares, e trouxe novidades para a obtenção de ex-tarifários no Brasil.

Na Resolução 500/2023, de 21 de julho, o GECEX revogou 144 ex-tarifários para o NCM 8541.43.00, que é de módulos solares fotovoltaicos, sendo que 90 foram por “produção nacional equivalente” e 54 por “tecnologia superada”.

Já a Resolução 514/2023, de 16 de agosto, revogou os inversores fotovoltaicos (NCM 8504.40.90). Estes ex-tarifários foram revogados para equipamentos de baixa potência. O prazo para estes ex-tarifários entrarem em vigor é de 60 dias após a publicação.

O Canal Solar conversou com empresas que atuam na fabricação, importação e distribuição destes equipamentos para saber o impacto no preço destes produtos e consequentemente no mercado e no andamento dos projetos.

Na avaliação de Wladimir Janousek, diretor-geral da JCS Consultoria e Serviços e especialista em mercado internacional, o pleito da indústria nacional deveria ser feito de uma forma mais adequada. “Ele é justo no sentido de buscar competitividade, mas da forma que está sendo feito pode colocar todo o mercado contra a indústria nacional”, pontua.

Ele avalia que esse pleito deveria considerar uma estratégia e uma política industrial que considerasse uma transição. “O que isso quer dizer? Vai gradativamente reduzindo o número de ex-tarifários, de forma que a indústria nacional tenha capacidade de suprir este mercado e, consequentemente, ter volume de escala para poder ter uma competitividade maior no preço”, analisa.

“A questão da transição é necessária para fomentar a indústria nacional e, ao mesmo tempo, não impactar os grandes projetos que estão em andamento e que já foram desenhados para usar módulos a um preço (com a isenção) e não serão viabilizados se mudar essa premissa”, explica Janousek.

Ele ainda pontua que nos últimos três anos, o mercado solar aprendeu a trabalhar com os ex-tarifários, sendo um dos segmentos que mais solicitou pleitos e mais teve concessões aprovadas. E devido a isso, grande parte do crescimento no mercado fotovoltaico foi alavancado por meio destas isenções e/ou reduções de impostos.

E o que esperar daqui para frente Na avaliação de Janousek, haverá um repasse e um impacto no preço final. “Isso pode representar certo resfriamento no crescimento, em especial, em projetos de geração centralizada que a sensibilidade do preço é muito crítica. Então, existem projetos que talvez sejam revisados, reduzidos ou podem até serem cancelados ou postergados”, comenta.

A opinião de Janousek é compartilhada por profissionais que atuam diretamente na distribuição de equipamentos.

“A queda dos ex-tarifários sem uma estratégia sólida e escalonada irá resultar apenas em aumento de preços ao consumidor, prejuízo para nosso mercado e um ineficaz fortalecimento da indústria brasileira”, avalia Ricardo Mansour, sócio fundador da Bluesun.

Outro ponto destacado pelos profissionais é a limitação da indústria nacional de equipamentos fotovoltaicos. Na avaliação do Mansour, o Brasil não dispõe de todas as tecnologias disponíveis atualmente, pois a indústria nacional não tem condições técnicas.

“O absurdo disso é que quando olhamos a essência do ex-tarifário, que é além de fomentar o setor, trazer tecnologia para o país quando não há similar nacional, o pleito dos fabricantes nacionais é a revogação massiva dos ex-tarifários, mesmo que seja outra tecnologia empregada. Vemos claramente o viés econômico, a questão é prejudicar os importados seja qual for a consequência desastrosa para nosso mercado e consumidor”, completou Mansour.

Na opinião dele, “a indústria nacional já goza de incentivos fiscais e programas do governo, mas infelizmente, visando benefícios próprios e de poucos, prejudicam todo um setor e o nosso país. Também queremos o desenvolvimento da indústria nacional, mas não desta forma, mas sim de forma estruturada/estratégica, gradativa, com desenvolvimento tecnológico e políticas desenvolvidas com o governo”.

“Com a queda dos ex-tarifários, obrigatoriamente, os painéis ficarão mais caros, de pelo menos 6% no custo”, avalia Mário Viana, CEO da Sou Energy.

Viana também classifica a queda dos ex como algo negativo. “Na minha opinião, não tem sentido o ex cair porque a indústria brasileira, apesar de ter um produto semelhante, não tem capacidade produtiva para atender o mercado como um todo. A queda do ex prejudica mais que beneficia”, avaliou.

Este aumento da carga de impostos deve anular as recentes quedas nos preços dos equipamentos no mercado mundial.

Indústria nacional

Segundo Murilo Bonetto, gerente de P&D da fabricante de módulos fotovoltaicos Sengi. Ele pontua que “este movimento não é só para o mercado solar, é para a indústria como um todo. Voltaram as regras como eram antes de 2019 e agora o fator para conceder ex-tarifários será se o Brasil produz o bem que cumpre a finalidade final que, no caso do mercado fotovoltaico, é a geração de energia elétrica através da luz do Sol”.

Ele explica que o regime de ex-tarifário é uma política de competitividade industrial que existe há muitos anos, porém em 2019 houve uma mudança que acabou colocando fatores que possibilitam um pedido de um ex-tarifário mesmo com produção nacional.

Bonetto destaca que essa decisão impactou toda a indústria brasileira, não somente a fotovoltaica, levando muitas empresas a fecharem ou a saírem do Brasil. “Começou a ter essa distorção e a indústria nacional perdeu muita competitividade”, pontuou.

Ele ainda comenta que com essa mudança em 2019, a importação de módulos chineses expandiu, uma vez que eles são mais baratos e estavam isentos do imposto de importação. Isso, segundo ele, prejudicou o crescimento da indústria brasileira fotovoltaica.

Ele pontua que com a queda dos ex-tarifários, além do desenvolvimento da indústria nacional, o Brasil poderá diminuir a sua dependência do mercado chinês para obtenção de insumos e para fabricar seus produtos.

“É um primeiro passo para a isonomia competitiva. Claro que os custos no Brasil são maiores do que a fabricação da China, que é subsidiada pelo Governo chinês. Porém, com a situação anterior era impossível a indústria brasileira ter um volume de escala para ficar mais barato. Sem o ex-tarifário, é possível ver um horizonte para que seja feito o escalonamento da produção e conseguir ser mais competitivo”, comenta.

“Escalando a produção local, conseguimos viabilizar a industrialização brasileira upstream – de fornecedores de vidros, encapsulantes, caixas de junção e até mesmo células”, avalia.

Ainda de acordo com ele, este último ponto trará mais independência e o Brasil não sofrerá com falta de insumos e alta no frete, como visto durante a pandemia devido a dependência da China.

Ele também pontuou que a geração de emprego e renda não será prejudicada. “Tem espaço para todos. E o objetivo é gerar empregos de qualidade e fazer com que as pessoas tenham acesso à indústria de semicondutores. Geramos mais de 300 empregos diretos e 2 mil indiretos hoje, com um aumento da participação da indústria nacional no mercado, nossos números podem chegar a mais de 10 mil empregos diretos e indiretos e R$ 300 milhões investidos em P&D até 2025”, conclui Bonetto.

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Usinas eólicas e FV dominam expansão da oferta de energia elétrica em julho

Quando o assunto é crescimento da geração de energia elétrica no Brasil, julho foi o mês das renováveis segundo os dados acompanhados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

De acordo com a Agência, dos 525,5 MW acrescidos à capacidade instalada do país no mês passado, 421,2 MW vieram de 18 novas usinas eólicas e 93,6 MW de duas plantas fotovoltaicas. Ainda no período, foram acrescidas duas termelétricas (10,0 MW) e duas pequenas centrais hidrelétricas (0,7 MW).

Para o diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, a ampliação da matriz elétrica brasileira em julho reflete o bom momento da geração de energia no país, em especial aquela decorrente de fontes renováveis.

“O resultado de julho dá continuidade à expansão acelerada que estamos verificando em 2023. Estamos em um bom caminho rumo aos 10,3 GW previstos pela equipe de fiscalização da Agência para este ano”, avaliou o diretor-geral.

Capacidade instalada

O Brasil somou 194.387,49 MW de potência fiscalizada, de acordo com dados do SIGA (Sistema de Informações de Geração da ANEEL), atualizado diariamente com dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção. Desse total em operação, ainda de acordo com o SIGA, 83,69% das usinas são consideradas renováveis.

A ANEEL atualiza diariamente os dados de geração do país por meio do SIGA, que apresenta dados de usinas em operação e de empreendimentos outorgados em fase de construção.

Outras informações sobre o acompanhamento da expansão da oferta de geração estão disponíveis em painéis interativos. Clique aqui para acessar. Os painéis, atualizados mensalmente, mostram a previsão para a entrada de novas unidades geradoras para os próximos anos.

Além disso, trazem um histórico da expansão da geração desde a criação da ANEEL (1997). Além dos painéis, também está disponível a base de dados com informações de previsão e acompanhamento de obras dos empreendimentos outorgados para construção.

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Painel fake ou fake power: saiba o que significa

No setor de energia solar fotovoltaica, muitos consumidores estão ouvindo sobre “fake power” ou “painel fake”. Porém, você sabe o que significam estes termos?

No caso, são módulos de algumas empresas que não geram a potência esperada e geralmente não têm certificações internacionais, como RETC, PVEL, AAA.

Os equipamentos foram aprovados por órgãos internacionais e Inmetro, mas, nas entregas, os módulos têm qualidade inferior e não atingem a potência esperada. Além disso, o preço é bem mais barato que painéis que atendem as certificações e são de fabricantes com longo histórico no mercado.

Isso é chamado de “fake power” ou “painel fake“. Por isso, nós da JA Solar, destacamos que é fundamental que os consumidores se atentem a essas questões na hora de realizar uma compra, evitando assim que seus projetos sejam prejudicados.

Os módulos da empresa, por exemplo, possuem nove certificações no mercado fotovoltaico. Entre elas estão as classificações recebidas pela PV Tech, RETC, PVEL, EUPD Research, TUV SÜD, UL Solutions, BNEF, ETL da Intertek e o selo do Inmetro.

Dos mais de 150 fabricantes de painéis existentes, 39 são listados no ranking financeiro da Bloomberg T1, 35 foram certificados pelo laboratório PVEL, seis possuem certificação de qualidade pela RETC e apenas quatro possuem certificação AAA pela PVTech.

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