Mercado de baterias avança nos EUA e aponta tendências para o Brasil
“O futuro são as baterias. Eu não tenho mais dúvida. Lá fora, a gente já opera quase 100% em bateria e, ocasionalmente, vende energia solar”, essa é a análise de Eduardo Nicol, CEO da RENEW Energia e CFO da SUN-I Solar Energy USA.
Em países como os Estados Unidos, o armazenamento de energia é o foco dos integradores e consumidores, realidade que pode ser explorada no Brasil.
–Brasil x EUA no mercado
De acordo com o especialista, a maior atuação no mercado americano é retrofit e upsell, ou seja, implementar melhorias em unidades consumidoras que já têm energia solar. “O principal é a implementação de baterias. Eu diria que nosso foco nos EUA hoje não é vender solar, mas vender soluções de energia”, explicou.
–Soluções híbridas com baterias
Conforme ele, o principal é o integrador entender o que é um sistema híbrido, porque a maioria esmagadora ainda não entende e pensa que híbrido é só backup. “Serve para muito mais, o backup é só cerejinha do bolo”.
O profissional explica que é possível usar baterias para armazenar energia durante o horário fora ponta e utilizar em períodos do dia onde a tarifa é mais alta. A partir disso, podem ser reduzidos os custos operacionais, os encargos tributários previstos na lei 14.300 e impactos da inversão de fluxo.
“Estamos falando de uma energia que custa às vezes duas, três vezes mais caro do que o horário fora ponta. Então, essa aplicação de arbitragem tarifária é uma aplicação que muita gente ainda desconhece do híbrido”, relatou.
“Em São Paulo, se uma sorveteria ficar uma semana sem luz, são milhares de reais de prejuízo. Você perde de sorvete por não ter uma bateria instalada no seu negócio”, exemplificou Nicol.
“Uma solução de armazenamento pode ser caro para mim ou para você, mas será que é caro para quem tem uma casa de 20 milhões? Não é. Você tem que analisar a dor e a capacidade do seu cliente. Não analise a venda que você vai fazer pelo seu bolso”, complementou.
–Amadurecimento do cenário brasileiro
Eduardo Nicol reforça que existem várias formas de ganhar dinheiro com baterias que ainda nem chegaram ao Brasil, como os serviços ancilares de qualidade, de tensão e frequência.
Mas por outro lado, a geração compartilhada de energia nos Estados Unidos é embrionária. “Só agora estão começando a surgir comunidades onde você consegue, de forma integrada com a distribuidora, fazer essa distribuição de energia de créditos. Então, eu diria que, nesse ponto, o Brasil tem um modelo de negócio bem à frente deles”, destacou.
Apesar disso, o profissional frisou a necessidade de capacitação para atuar no mercado brasileiro, um ponto que ainda precisa de atenção, já que certificações não são exigidas para atuar.
“Nos Estados Unidos, se você trabalhar sem licença, você é preso. Lá a empresa é obrigada a ter uma gama de seguros obrigatórios, então é um outro mercado com outro nível de exigência”, acrescentou.
–Inteligência artificial
Para Nicol, a IA (inteligência artificial) tem múltiplas aplicações na área de energia solar. “No comercial, por exemplo, são processos de vendas repetitivos e com uma base de dados. Hoje, isso é totalmente substituível pela IA”, afirmou.
“Além disso, a IA pode se interconectar com o sistema de monitoramento, absorver a base de dados e fazer comparações para inferir de um determinado equipamento ou composto que está se degradando. Para visualizar isso a olho nu, não tem jeito. Não é a inteligência artificial que vai roubar seu emprego, é não saber usar ela que vai” concluiu.